quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pequeno ensaio sobre salvação... (1)




Shalom a todos!

Este é o primeiro post do ano.... saímos de férias por um tempo (o que foi ótimo), e ao que parece, 2010 será um ano de muito trabalho. A questão toda é fazer com que o mesmo tenha um ótimo rendimento na vivência da praticidade do Evangelho: o amor. Algo prático a ser experimentado no dia a dia, e não mais uma filosofia como tantas por aí...

Bom, pensando em alguns pontos básicos da caminhada, resolvi para um pouco no tema salvação, e de como isso se processa na vida do homem.

Um texto do Rav Shaul é bastante elucidativo para mostrar como isso se processa em nossas vidas:

“Dessa forma, meus queridos amigos, como vocês sempre obedeceram quando eu estava presente, é mais importante que obedeçam agora enquanto estou distante: continuem desenvolvendo sua libertação/salvação com temor e tremor”. Fp 2.12

O que ele quis dizer com desenvolver a libertação, ou salvação?

Esta palavra no grego usada aqui é κατεργαζομαι, que tem o significado de
realizar, executar, conquistar; resolver, i.e., fazer aquilo do qual alguma coisa resulta de coisas: produzir, resultar em; modelar i.e. tornar alguém próprio para algo
.

Interessante!

Comumente se pensa que a salvação, ou o processo de redenção do ser humano se resume apenas a uma oração, uma resposta a um apelo e dar o nome na lista de visitantes. Não!

Com certeza, a resposta a um sermão ou uma oração de entrega a Deus fazem parte, mas não se resumem ao que a Palavra fala sobre a salvação.

Mas do que somos salvos, então?

De um sistema maligno, de uma corrente filosófica e cultural que achatam a existência humana e a resume a fatores externos para a realização do eu, da compreensão do sentido da vida. A satisfação da vida humana restringe-se, então, a posse de bens externos (materiais), ou a vivencia de determinados valores sociais (fama, opulência,dinheiro) como fatores indispensáveis a uma "boa vida". O resultado disso, como afirmado pelo autor de Eclesiastes, é "...vaidade de vaidades! Tudo é vaidade...". Quanto mais se tem, maior a necessidade de se obter mais, num círculo vicioso que não tem fim. Isso tem alimentado uma cultura consumista e imediatista, que influencia a percepção das Boas Novas como um "kit fé", como se fosse possível de algum modo adquirir um "Macbênçao" - fazendo com que muitos, após adquirirem a "benção", virem as costas a Deus... sabemos que a porta dos fundos da igreja atual tem estado escancarada, e a sangria deve continuar se um verdadeiro avivamento ético não vir sobre nós!

Portanto, como experimentar a libertação deste sistema maligno? Como ter uma mente livre das influencias destrutivas presentes na cultura moderna?

Atitude!

Viver a redenção oferecida pelo Messias implica em tomar atitudes condizentes com a Palavra. É aprender a viver uma nova realidade, estribada em novos valores e uma nova percepção da realidade. É frutificar em meio ao caos, ser luz em meio à escuridão.

Em suma, uma resposta sincera ao que o Eterno nos fala em Êxodo 6.6,7:

"...Eu sou o Eterno! E vos tirarei de debaixo das cargas do Egito e vos salvarei do seu serviço e os redimirei com braço estendido e com grandes juízos. E vos tomarei por Meu povo, e serei para vós Deus, e sabereis que Eu sou o Eterno, vosso Deus, o que vos tirará das cargas do Egito".

Tudo começa com uma revelação de quem é Deus! Ele afirma: אֲנִי יְהוָה eu Sou o Eterno!

Um pouco antes, o Senhor diz a Moisés que se revelaria de uma forma nunca antes revelada - e Ele fala o Seu Nome! Este é o ponto principal da redenção de nossas vidas - uma experiência genuína com o Senhor! Paulo reafirma isso em Romanos 11.13, onde escreve que "todo o que invocar o nome do Senhor será salvo"!

Todo homem, em algum momento de sua vida, precisa desta experiência. Receber a revelação de quem Deus é e de Sua identidade afetam profundamente a maneira como encaramos a vida. Deus tem um nome. Deus tem uma identidade. Por não ser possível compreender este Ser soberano a partir de modelos pré-fabricados, Ele escolheu se revelar através da Palavra. Afinal de contas, quando nos deparamos com ídolos (e por isso o Eterno tanto abomina a idolatria), temos uma idéia fechada a respeito de alguém, suas limitações e sua forma de se manifestar.

Mas a Palavra exige que exista alguém que a leia, raciocine e a compreenda a partir de uma perspectiva interior. Seu leitor é alguém que a manuseia, estuda, re-estuda e modifica sua compreensão da vida a partir dela. Inicia-se assim um processo dinâmico onde o ser humano cresce e desenvolve um relacionamento vivo com a Palavra, descobrindo Seu autor a cada passo dado, a cada esquina virada da vida.

A vida é dinâmica....e neste processo de dinamismo devemos desenvolver nossa salvação, que ao contrário do que muitos pensam não é um pacote pronto, fechado que se coloca no microondas e após três minutos ela está pronta.

A salvação e a redenção de nossa existência exigirá mais de nós do que a principio percebemos.

Na origem do homem, esquecemos muitas vezes da ordem dada pelo Criador de cultivar a terra; em outras palavras, desenvolver uma cultura(ou conjunto de valores) e relacionar-se com a criação num mecanismo dinâmico, resultando no desenvolvimento pleno do homem e tornando-o tamim (inteiro) a cada dia de sua existência.

Fora disso, o que temos é religião vazia, inchada e que não tem a capacidade de satisfazer as necessidades mais básicas da vida humana:

O sentido de existir, de cumprir um papel neste mundo.

Quem sabe, perguntas tão antigas e atuais como "de onde vim", para onde vou"finalmente serão respondidas...

[continua no próximo post...]

Daniel Ben Iossef