Existem algumas verdades bíblicas que são inegociáveis: a inerrância das Escrituras, a Trindade, a salvação pela graça...e entre elas podemos destacar uma que em face das vicissitudes diárias enfrentadas por todos nós torna-se de algum modo esquecida: o destino que Deus tem para nossas vidas é bom.
Permita-me repetir isso: o destino que Deus tem para nossas vidas é bom. Se necessário, leia mais uma vez, e deixe que estas palavras sejam absorvidas como água que se derrama sobre terra seca.
Uma sentença assim abre diversos ângulos de discussão: qual o conceito bíblico sobre a palavra destino? Como ter a certeza de que ele é bom? Onde está a bondade de Deus no meio de tanto mal? Por que sofro tanto se Deus é bom? No entanto, o intuito deste texto não é analisar exaustivamente estas indagações, mas lançar luz sobre o tema da bondade de Deus e de nossa postura frente à isso.
Para tal, teremos o texto de Jeremias 29.11(NVI) como norte nesta reflexão:
“Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês", diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos de dar-lhes ESPERANÇA e um FUTURO." (grifo nosso).
O que a Palavra ensina? Que há um plano em ação nos conduzindo, dia após dia, a um futuro de prosperidade e esperança. Podemos ter vivido um passado de dor e fracasso, porém ele não é capaz de impedir a manifestação da vontade soberana de Deus. Em outras palavras, o passado fez parte do processo de construir quem você é hoje, mas não determina quem você será amanhã. A verdade é que a história de sua vida ainda não acabou. O Senhor é claro ao afirmar: "Eu tenho um plano, um futuro de esperança para fazê-lo prosperar". Vale lembrar que o termo prosperidade não é restrito à finanças, mas abrange a vida humana como um todo; Deus mesmo fornece os subsídios de modo a fazer cumprir Seus propósitos e glorificá-lo. Se respondemos a isso, se formos fiéis no pouco, sobre o muito Ele nos colocará (Lc 16.10).
Entretanto, falar em destino não é isentar o homem de sua responsabilidade em responder aos mandamentos de Deus. O mesmo Senhor que ordena sede santos (1Pe 1.16) mostra nossa incapacidade humana de fazê-lo (ou sê-lo) sozinhos (...sem mim, nada podeis fazer... Jo 15.5). Portanto, estas duas afirmações que, a princípio parecem contradizentes, na realidade de algum modo se auto-complementam e nos trazem ao segundo princípio que abordaremos: temos responsabilidade sobre o destino que nos aguarda. Nosso propósito no Reino não acontece de forma involuntária, automaticamente. O Senhor estabelece os planos, cria as oportunidades e nós temos que responder a elas. Com o intuito de estabelecer de forma mais clara estes princípios, vamos nos encontrar com Josué, no momento onde ele estava na liderança dos israelitas e na expectativa para entrar na Terra Prometida.
Moisés havia sido o instrumento escolhido por Deus para libertar Seu povo da escravidão no Egito. Foram cerca de quatrocentos anos, tempo no qual uma nação de aproximadamente três milhões de pessoas floresceu a partir da família de Jacó ( Ex 1.7). Após o saída miraculosa e a passagem pelo Mar Vermelho, foram quarenta anos de permanência no deserto, como resultado do juízo de Deus em resposta à incredulidade do povo frente a revelação divina (Nm 13). Conforme àquilo que o Senhor havia pronunciado, a primeira geração morrera no deserto e a incumbência de liderar a nova geração na conquista da Terra Prometida estava nas mãos do jovem líder. Vejamos então o que nos ensina o relato bíblico, extraindo os princípios ali contidos de forma a aplicá-los em nossa caminhada cristã.
Vale a pena, antes, ressaltar: o destino que o Senhor tem para as nossas vidas é bom.
Vamos lá?
O livro de Josué começa narrando alguns fatos significativos:
“Depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, disse o SENHOR a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés: "Meu servo Moisés está morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, você e todo este povo, preparem-se para entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas. Como prometi a Moisés, todo lugar onde puserem os pés eu darei a vocês. Seu território se estenderá do deserto ao Líbano, e do grande rio, o Eufrates, toda a terra dos hititas, até o mar Grande, no oeste”. (Js 1.1-4)
Atente às primeiras palavras do texto: "Depois da morte de Moisés...". Creio que muitos aqui já ficariam paralisados frente a este "aparente obstáculo": a morte de Moisés. Você consegue imaginar o tamanho do desafio? Suceder o grande legislador? E como se não bastasse, o destino de três milhões de pessoas estava agora em suas mãos. No entanto, Deus é específico em afirmar isso a Josué logo no versículo dois, já chamando ele à ação: levanta-te! Há uma atitude enérgica aqui; a palavra levanta-te (no hebraico qum - קום) tem o sentido dentre outras coisas de "ficar de pé a partir de uma posição prostrada". Com isso, o Senhor estabelece alguns pontos fundamentais com Josué antes de sua jornada:
1) Moisés morrera: ele era o alicerce que até então mantivera o "povo unido" através da Lei. No entanto, o propósito em sua vida havia se cumprido e o Senhor mesmo não permitiu que Moisés fosse o líder na conquista. Interessante pensar que, como Moisés fora o mediador da Lei e não entrou na Terra Prometida - ele apenas a viu de longe (Dt 34 - fato que mais tarde o escritor de Hebreus cita como tendo-as visto de longe (Hb 11.13), pode-se inferir que a Lei não conduziu o povo à Terra, mas sim a fé na promessa. Josué (do hebraico yehoshua - יהושע"o Senhor é a salvação") torna-se então um tipo de Cristo, levando o seu povo à salvação, à promessa divina revelada. A Lei apontara o caminho, mas a fé seria o instrumento de conquista.
(continua...)
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