quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Diálogo...




Shalom a todos!


Recebi e repasso a vocês um interessantíssimo texto sobre o processo do diálogo na relação humana, do meu Prof. Igor.


Aproveitem!



"O diálogo é o "logos/davar" (palavra) que vai e volta. Uma relação dialógica é aquela em que o sujeito que fala lança uma palavra, toca no outro, imprime no outro o que ele é, o outro traduz, interpreta e decodifica o que vem pela Palavra e devolve outra palavra (cheia de si mesmo), para que outro lhe tenha com ele. A isso chamamos de alteridade, a capacidade de se colocar no lugar do outro.


O diálogo não é apenas um "mecanismo", é antes uma oportunidade para o exercício da alteridade. Alteridade é esse deslocamento, cheio de misericórdia e paixão, para entender, ouvir e sentir o que outro tem para dizer. Alteridade é curiosidade afetiva e intelectual, pelo que o outro é e entender que o outro é uma fonte de conhecimento, de aprendizagem, de experiências e de vida. Alteridade é esse deslocar-se. O diálogo só é possível, porque fomos criados por D'us, e foi ELE quem ensinou ao homem a palavra. Ele falou com a terra sem forma e vazia, falou com o universo vazio, mas só teve resposta quando falou com o homem. Aí nasceu o diálogo!


O diálogo não acontece com tirania, não funciona de forma egoística, arrogante. O diálogo é curioso, o diálogo cede, o diálogo é o sagrado encontro entre o EU e o TU, como diria o filósofo judeu Martin Buber.


Os homens só são, porque enviam mensagens, eles têm algo a dizer, mas também muito a ouvir. O grande problema é que além da relação EU-TU que é de diálogo, há também a relação monológica EU-ISSO. Essa relação é a que temos com os objetos, com os animais, com a natureza, é uma relação monológica, o ISSO não responde, não dá retorno, não se desloca. Os homens pagãos, por se distanciarem de D'us, criaram ídolos (ISSO), esperaram uma resposta, mas tornaram-se semelhantes a ele, silenciosos, cegos, surdos e inaptos a amar.


O problema, é que vivemos no mundo em que o bom é o que tem domínio sobre o ISSO, o mundo da concorrência, da imposição, do poder,da propriedade e do ter. Mas, D'us nos ensinou a "parceria", a aliança e a comunhão, enfim, o diálogo. O problema é que quando viciados em nos relacionar com o ISSO, com o ídolo, até mesmo humanos acabam virando "coisa" (ISSO), objetal, estático e sem resposta. Nesse ponto o diálogo se desfaz e o outro perde seu direito de ser ouvido, ou quando é ouvido é engolido pela tirania do outro, que ao invés de amar, manipula-o e silencia-o.


Alteridade é diálogo, é o prazer, a alegria e a capacidade para ouvir o outro, o que está em silêncio e que teve seu direito de falar roubado, usurpado pela tirania do ISSO.


A trajetória de Yeshua é cheia de diálogo, ele perguntou para o cego: "Que queres que eu te faça?" (Mc 10:51), uma boa pergunta, na verdade... libertadora! Quantos de nós precisamos ouvir essa pergunta? Como gostaríamos de ouvir isso hoje ou mesmo perguntá-la. O diálogo nasce da pergunta, nasce do desejo de ouvir uma resposta, de compreender o desejo do outro e de qual feito ele precisa. Yeshua não perguntou: "O que queres que eu te dê?" ou "O que queres que eu te fale?", mas "O que queres que eu te faça?". Pois o feito é a ação generosa de quem fala para libertar o outro de suas angústias e trazê-lo para perto! A melhor forma de aprender sobre NÓS e preservar o diálogo entre o EU e o TU.


Em Yeshua,
Igor Miguel

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