“DEPOIS disse o SENHOR a Moisés: Entra a Faraó, porque tenho endurecido o seu coração, e o coração de seus servos, para fazer estes meus sinais no meio deles ,E para que contes aos ouvidos de teus filhos, e dos filhos de teus filhos, as cousas que fiz no Egito, e os meus sinais, que tenho feito entre eles; para que saibais que eu sou o SENHOR”. Êxodo 10:1-2
Eis uma questão com o qual nos deparamos muitas vezes e temos dificuldade não sé de aceitar, mas de compreender: quando encontramos corações endurecidos, ou ainda situações adversas para o qual Deus nos envia. Afinal, partimos de um pressuposto de que Deus, quando comissiona, já preparou o caminho de antemão e tudo o que temos de fazer é falar de Sua Palavra, de Ser Reino.
Mas, na prática, nem sempre é assim. Encontramos pessoas com o coração endurecido, cínico muitas vezes, e pensamos que jogamos palavras ao vento, não percebendo quem realmente está sendo tratado....
Muitos encontram um paradoxo neste texto. Afinal, qual o motivo de Deus endurecer o coração de Faraó, e ao mesmo tempo mandar Moisés dizer que ele deveria deixar o povo ir? Em uma leitura despretensiosa, pode-se pensar em uma contradição, mas não é o caso aqui. O Senhor usa o coração de faraó já inclinado ao endurecimento para operar o Seu querer. E precisamos aprender que além do Egito ser alvo da ação de Deus, haviam outros alvos da obra que iria acontecer ali: Israel, Moisés e Arão.
Deus tinha dois objetivos claros, descritos no texto de Êxodo: fazer sinais no meio deles, e que eles propagassem a mensagem da salvação para seus filhos e os filhos de seus filhos.
Se num primeiro momento Deus iria se revelar através de sinais, mostrando que Ele é soberano, num segundo momento Sua intenção é criar uma nova cultura, um novo modo de encarar a vida, não mais sob o jugo da escravidão, mas onde pais e filhos desenvolveriam um relacionamento e uma cultura novas, tendo como pilar central e de sustentação a presença de um Deus Todo-Poderoso em seu meio. Até então, as novas gerações apenas conheciam a realidade da escravidão, e não sabiam o que era a liberdade, nem o motivo pelo qual foram formados por Deus. O homem pode se esquecer dos propósitos de Deus, mas Ele não!
Devemos entender isto: ao invés de nos acharmos vitimas das circunstancias e de todos,temos de olhar para o nosso interior e ver que caminhos temos trilhado. Será que estamos andando na autocomiseração, no orgulho de nos acharmos tão especiais que todos estão contra nós, entre outros sentimentos semelhantes? O Senhor nos fez livres de tudo isto, pois sabemos que há um papel definido para cada um em Seu Reino, e nele não há lugar para o ciúme.
Portanto, não esqueçamos que somos alvo do Seu amor, e faz parte de nosso treinamento como filhos do Altíssimo o lapidar de nosso caráter, vontade e emoções. Não é nada fácil – dói, reclamamos e nos entristecemos, mas não podemos esquecer que “...todas as coisas cooperam para bem daqueles que são chamados segundo o propósito de Deus” (Rm 8.28).
Como temos reagido às circunstâncias adversas, aos corações endurecidos próximos a nós?
Temos abandonado-os, ou entendido que aqueles que estão sendo tratados somos nós mesmos?
Naquele que nos ensina em todo tempo,
Daniel Ben Iossef
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