"Adeus ano velho, feliz ano novo...que tudo se realize no ano que vai nascer...muito dinheiro no bolso, saúde prá dar e vender..."
Quem já ouviu e cantou esta canção popular na virada do ano? Pelo que lembro de meus 35 anos de idade, não conheço música tão popular nesta época...
Todos conhecemos o enredo de fim de ano. A família reunida, a mesa farta, aqueles primos e tios que vemos apenas nesta época. Mesmo quando há algum tipo de desentendimento, este parece dar lugar à tolerância e ao bom convívio. Afinal de contas, é fim de ano! Para muitos, é tempo de colocar aquela lentilha na carteira (só para garantir que nunca fique vazia), vestir-se de branco (ah, a paz...) e, claro, se estiver no litoral, não custa nada molhar o pé e dar sete pulos em sete ondas...
Bom, crendiçes populares à parte (e há um monte delas por aí), a música de fim de ano, assim como as famigeradas vinhetas da Globo (e o Roberto Carlos especial) fazem parte da "atmosfera" criada e esperada por todos. Porém, se deixarmos toda isto de lado, podemos perceber algo comum a todos nós? O que há de poderoso nesta época do ano, onde os sorrisos parecem mais sinceros e as amizades tão verdadeiras?
Esperança!
De um amanhã melhor, de poder sonhar novamente, de cumprir de uma vez por todas aquela dieta... (lembra-se? Sim, aquela mesmo...), de renovar as promessas... de finalmente terminar o curso (ou acabá-lo), e por aí vai. Resumindo, os sentimentos comuns a todos realmente parecem se encaixar na canção.
Mas será mesmo? Há algo de verdade nisso, ou falta uma peça no quebra-cabeça?
Obviamente, todos esperamos um ano com mais recursos, não só financeiros mas também pessoais (a saúde, claro). Mas o que falta? Por quê entra ano, sai ano, e as coisas parecem não sair do lugar?
Observe este interessante texto escrito há 2.000 anos:
"Amado, desejo que em tudo te vá bem (sejas próspero) e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma. (assim como a tua alma está em prosperidade.) Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade" 3 Jo 2,3 (grifo nosso)
Leia novamente com atenção o texto de João. Viu algo semelhante com a canção de fim de ano? É citado aqui a prosperidade e a saúde. E diferente do que é cantado por aí, ambas estão profundamente ligadas a outro elemento de nossas vidas: a alma!
João usa aqui a palavra psiqué (ψυχή) que significa, segundo Strongs, "o lugar dos sentimentos, desejos, afeições e aversões". Em outras palavras, o modo como a minha personalidade, meu caráter se manifestam exteriormente é a minha alma interagindo com o mundo. Assim, de algum modo, saúde e prosperidade estão ligados ao estado da minha alma. Se ela está bem, equilibrada e com uma visão real do mundo que me cerca, todas as áreas tendem ao equilíbrio - tanto física (saúde) quanto material (a prosperidade).
Seguindo este raciocínio, a prosperidade e a saúde dependem do estado da minha alma. E como a alma, ou o meu interior, pode estar bem? O texto traz a resposta, quando João afirma a conduta que Gaio tinha, como reflexo de seu bem estar: ele andava na verdade!
Portanto, o primeiro passo é conhecer a Verdade. Não uma qualquer, mas encarar a vida sob o crivo da Verdade - a Palavra de Deus revelada ao homem. Em outras palavras, fazer uma leitura de nossa trajetória de vida pela opinião de Deus acerca dos fatos. E não há outro meio de se conhecer a vontade do Criador senão pela Sua Palavra. Sim, é preciso sinceridade e honestidade consigo mesmo em encarar nosso "eu" nesse espelho, mas é necessário. Uma vida honesta é parte do caminho ao sucesso.
Honestidade em ver-se como realmente somos, Assumir a culpa pelos fracassos, pela incapacidade de ouvir o conselho dos mais chegados, e parar de culpar a todos e a Deus pelas mazelas da vida. Ninguém está isento dos contratempos - precisamos colocar nossas vidas nos trilhos da Verdade e por ela andar.
Andar não como se conhecesse uma nova filosofia de vida, mas de fazer desta Verdade o nosso modo de vida!
Fica a dica: que tal começarmos 2011 diferentes? Sendo sinceros conosco mesmos (e não com o que os outros acham ou esperam de nós...), conhecer e dar valor à opinião de Deus sobre a vida, e fazer desta Verdade nossa companheira de caminhada?
Creio que assim, muito além de algo estacionado apenas nesta época, a esperança será companheira na estrada da vida - neste ano e nos próximos...
Um fim de ano abençoados a todos, na Verdade,
Daniel
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A escolha de Noé
“E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha”. Gn 9.20
A história de Noé é bastante atípica. Imagine-se chamado por Deus a construir um barco, longe do mar, e ser alvo de comentários nada amigáveis por vários anos!
Imagine-se acordando dia após dia e ver-se envolvido em algo que escapa de sua compreensão, pois um dia uma voz do “céu” o ordenou a fazê-lo.
Conhecemos a história…. O tempo passou, a chuva veio, as águas encheram a terra e a morte cercou a Noé por todos os lados. Animais, homens, plantas….a Bíblia afirma que tudo em que havia fôlego de vida expirou, e somente aqueles dentro da arca tiveram uma nova oportunidade.
Este é o ponto: novas oportunidades!
Todos os dias novas oportunidades apresentam-se a nós - basta ter a habilidade de percebê-las. A Bíblia nos mostra que há tempo para todas as coisas, assim como a misericórdia de Deus diariamente se renova. Podemos não notar, mas cada dia que nasce é uma nova oportunidade que vem à nossas mãos, apesar de nem sempre concordarmos com isso.
Achamos que é apenas mais um dia comum, ordinário.
Em outras ocasiões, pensamos que não há escolha, que tudo o que acontece está pré-determinado. Que não temos poder algum de mudar as circunstâncias.
Mas esta não é a verdade!
Veja: as águas haviam baixado, e Noé tinha duas opções ao sair da Arca. Ou ele enterrava os mortos, ou plantava uma vinha. O texto bíblico nos mostra a escolha que ele fez.
Podemos aprender aqui o conceito de que, todos os dias, ou enterramos os mortos, ou plantamos algo novo. Por exemplo, podemos ocupar nossa mente, emoções e forças em algo morto, que não traz mais vida. Algo que não tem nenhuma utilidade ou não traz beneficio algum. Podemos nos ocupar com mágoas, ressentimentos… Coisas que ficaram pelo caminho, e que não podem mais voltar. Coisas que roubam o nosso hoje não nos deixam ter esperança no amanhã.
Ou podemos fazer como Noé: plantar algo novo. Um novo projeto, um novo emprego… Plantar o amor em nosso cônjuge, em nossos filhos… Um novo nível de intimidade com Deus.
Qual tem sido a nossa escolha?
Naquele que é a Videira,
Daniel
A história de Noé é bastante atípica. Imagine-se chamado por Deus a construir um barco, longe do mar, e ser alvo de comentários nada amigáveis por vários anos!
Imagine-se acordando dia após dia e ver-se envolvido em algo que escapa de sua compreensão, pois um dia uma voz do “céu” o ordenou a fazê-lo.
Conhecemos a história…. O tempo passou, a chuva veio, as águas encheram a terra e a morte cercou a Noé por todos os lados. Animais, homens, plantas….a Bíblia afirma que tudo em que havia fôlego de vida expirou, e somente aqueles dentro da arca tiveram uma nova oportunidade.
Este é o ponto: novas oportunidades!
Todos os dias novas oportunidades apresentam-se a nós - basta ter a habilidade de percebê-las. A Bíblia nos mostra que há tempo para todas as coisas, assim como a misericórdia de Deus diariamente se renova. Podemos não notar, mas cada dia que nasce é uma nova oportunidade que vem à nossas mãos, apesar de nem sempre concordarmos com isso.
Achamos que é apenas mais um dia comum, ordinário.
Em outras ocasiões, pensamos que não há escolha, que tudo o que acontece está pré-determinado. Que não temos poder algum de mudar as circunstâncias.
Mas esta não é a verdade!
Veja: as águas haviam baixado, e Noé tinha duas opções ao sair da Arca. Ou ele enterrava os mortos, ou plantava uma vinha. O texto bíblico nos mostra a escolha que ele fez.
Podemos aprender aqui o conceito de que, todos os dias, ou enterramos os mortos, ou plantamos algo novo. Por exemplo, podemos ocupar nossa mente, emoções e forças em algo morto, que não traz mais vida. Algo que não tem nenhuma utilidade ou não traz beneficio algum. Podemos nos ocupar com mágoas, ressentimentos… Coisas que ficaram pelo caminho, e que não podem mais voltar. Coisas que roubam o nosso hoje não nos deixam ter esperança no amanhã.
Ou podemos fazer como Noé: plantar algo novo. Um novo projeto, um novo emprego… Plantar o amor em nosso cônjuge, em nossos filhos… Um novo nível de intimidade com Deus.
Qual tem sido a nossa escolha?
Naquele que é a Videira,
Daniel
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Uma palavrinha sobre crise...
Shalom!
O que fazemos quando a crise vem sobre nós? Estive lendo uma porção da Palavra nestes dias, e estudando a parashá Vayeishev - וַיֵּשֶׁב me deparei com algo que nunca havia percebido daquela forma: o que fazemos com as crises que enfrentamos?
Penso que temos duas opções: ou ficamos apáticos e afundamos na mediocridade, ou as usamos como um trampolim para galgar novos degraus, sonhos e projetos. José enfrentou uma série delas, e a cada uma, sua atitude era de seguir em frente, não voltando para trás.
Ele foi rejeitado no lar, vendido por seus irmão, e finalmente chegou em uma terra estranha - a seus hábitos, modo de viver, sua espiritualidade. Ele tinha um relacionamento com o Deus único, e agora estava cercado pela idolatria. Seus amigos, sua terra natal...nada mais eram do que lembranças guardadas em seu coração.
O que fazer?
Após algum tempo, ele estava já administrando a casa de Potifar. Com certeza, haviam recursos mais do que necessários para que ele voltasse para casa. Mas ele não o fez...
Depois, já vice-governador do Egito, em nenhum momento o vermos procurando retornar à casa de seu pai. Podemos imaginar que, antes, sua perspectiva de futuro estava em seguir os negócios da família, e cuidar de ovelhas. Porém , Deus já começara a sinalizar que havia um futuro diferente para ele, longe dali. E José foi sábio em extrair das crises a força necessária para o próximo passo. Ele soube plantar em cada circunstância a semente certa, que deu seu fruto no futuro. Fé em Deus, humildade, perseverança, não olhar para trás...
Certamente muitos de nós agiríamos de outra forma! Ou procuraríamos voltar para a terra natal, ou vingar-se dos irmão, não perdoar, dar as costas a Deus...
Mas José não. Ele nunca mais quis a vida antiga, e a cada crise, a cada superação, ele estava mais próximo de seu destino - e o que nós temos feito quando enfrentamos as crises?
Deixo com vocês um texto de Albert Einstein para reflexão!
Daniel
“Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”.Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. “Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”.
Albert Einstein
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Provérbios: um miniguia para a vida
Li um excelente texto no blog iprodigo.com e compartilho aqui com vocês!
Boa leitura!
Daniel Ben Iossef
Em minha leitura bíblica diária do ano passado, li o capítulo 3 de Provérbios, uma passagem que preguei e estudei muitas vezes. Porém, durante essa leitura, percebi que, dos versos 3 a 12, temos todos os temas do resto do livro, e, portanto, um miniguia para uma vida de fidelidade. Existem cinco coisas que constituem uma vida sábia e piedosa. Elas funcionam tanto quanto meios para tornarmo-nos sábios e santos, quanto como sinais de que estamos crescendo nesta vida:
1. Coloque a mais profunda confiança de seu coração em Deus e em sua graça. Todos os dias lembre a si mesmo do amor incondicional e pactual de Deus por você. Não coloque suas esperanças em ídolos ou em seu próprio desempenho.
“Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração. Então você terá o favor de Deus e dos homens, e boa reputação. Confie no Senhor de todo o seu coração.” (Provérbios 3.3-5a)
2. Submeta toda sua mente à Escritura. Não pense que você sabe mais que a Palavra de Deus. Coloque-a em prática em todas as áreas da vida. Torne-se uma pessoa sob autoridade.
“Não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.” (Provérbios 3.5b-6)
3. Seja humilde e ensinável em relação aos outros. Seja perdoador e compreensivo quando você desejar criticá-los; esteja pronto a aprender dos outros quando eles vierem criticar você.
“Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema o Senhor e evite o mal. Isso lhe dará saúde ao corpo e vigor aos ossos.” (Provérbios 3.7,8)
4. Seja generoso com todas as suas posses, e apaixonado pela justiça. Compartilhe seu tempo, talento e tesouros com aqueles que têm menos.
“Honre o Senhor com todos os seus recursos e com os primeiros frutos de todas as suas plantações; os seus celeiros ficarão plenamente cheios, e os seus barris transbordarão de vinho.” (Provérbios 3.9,10)
5. Aceite e aprenda a partir de dificuldades e sofrimento. Por meio do Evangelho, reconheça-as não como castigo, mas como uma maneira de te aperfeiçoar.
“Meu filho,não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama,assim como o pai faz ao filho de quem deseja o bem.” (Provérbios 3.11,12)
Enquanto meditava nesses cinco elementos – firmar-se em sua graça, obedecer e deleitar-se em sua Palavra, humilhar-se diante dos outros, sacrificar-se generosamente por nosso próximo, e perseverar nas provações – pensava em Jesus. O Novo Testamento nos conta que a “sabedoria divina” personificada do Antigo Testamento é, na realidade, Jesus (Mt 11.19). E eu percebi que: a) ele mostrou a fidelidade e confiança definitivas a Deus e a nós ao ir à cruz, b) ele era moldado e estava saturado pela Escritura, c) ele era manso e humilde de coração (Mt 11.28-30), d) ele, embora rico, se fez pobre por nós, e) ele aceitou seu sofrimento por nós, sem reclamar. Somente cresceremos nessas cinco áreas se soubermos que fomos salvos por uma graça valiosa. Isso te guarda dos ídolos, da autossuficiência e do orgulho, do egoísmo com suas coisas, e de desmoronar diante de problemas. Jesus é a sabedoria personificada, e crer em seu Evangelho traz essas qualidades à sua vida.
Por algumas semanas, tenho gasto meu tempo orando por essas cinco coisas para minha família e para os líderes de minha igreja. Não existe melhor maneira de instilar essas grandes coisas em seu próprio coração que orar intensamente por elas nas vidas daqueles a quem você ama.
Traduzido por Josaías Jr | iPródigo | Texto original aqui
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Chamados ou impelidos? * - parte 1
Jesus encontrou diversos homens na Bíblia. Ricos, cultos, de posição social elevada... mas na hora de escolher seus doze, selecionou pessoas que provavelmente eu e você não chamaríamos.
Mas o que levou levou Jesus a escolher estes homens, e não aos outros? Talvez (e tudo isso é pura especulação), se eles tivessem se engajado no grupo, teríamos descoberto mais tarde que suas agendas estavam cheias, mais cheias do que poderiam ter parecido a princípio. Teríamos descoberto que eles tinham seus próprios planos, metas e objetivos.
Jesus Cristo não pode realizar uma obra eficaz no mundo interior de pessoas que se regem por seus impulsos. Jesus parece preferir trabalhar com pessoas as quais chama. É por isso que a Bíblia nem toma conhecimento dos voluntários; atém-se apenas nos chamados. Jesus em certa ocasião contava com 70 discípulos, mas apenas 12 tiveram seu nome registrado nas Escrituras.
Mas como diferenciar um impelido de um chamado ?
Dentre as características de um impelido, podemos destacar:
1) as pessoas impelidas, na maior parte dos casos, só se satisfazem ao ver o trabalho realizado.
Ou seja, ao longo de seu processo de amadurecimento, esta pessoa fixou a noção de só se sentir bem consigo mesma e com o mundo na medida que acumula realizações. Talvez aqui encontremos pais que só elogiam os filhos quando estes tiram a nota máxima; antes disso, nenhuma palavra de incentivo ou aprovação.
Pessoas assim tendem a viver em “ativismo” muito facilmente, pois quanto mais atividades,maior a possibilidade de realizações. Cria-se um círculo vicioso.
2) a pessoa “impelida” está sempre preocupada com os símbolos associados à ideia de realização.
São aqueles que vivem em função de mostrar aos outros seu poder, status e títulos. Vivem mais para os outros que para si mesmos e sua família.
3) a pessoa “impelida” geralmente se acha dominada por uma descontrolada busca de superação.
Possui grande senso de competitividade, e em todas as áreas busca ser o melhor de todos. Nunca estão satisfeitos com sua vida profissional, relacional e espiritual. Raramente se agradam do serviço feito por seus subordinados ou seus iguais. Vivem num constante estado de insatisfação e inquietação. Dificilmente estarão satisfeitas consigo mesmas ou com os outros.
4) a pessoa “impelida” parece ter pouca consideração para com os princípios de honestidade.
Elas se acham tão envolvidas na busca pelo sucesso, na ânsia de realizar, que quase não tem tempo de parar para verificar se seu interior está acompanhando o que se passa no exterior. Esta lacuna criada por fazê-lo operar no pragmatismo, tomando atalhos para sua vida, onde os fins justificam os meios. É um processo de engano sutil, que pode levá-lo à ruína.
5) a pessoa “impelida” muitas vezes possuem pouca ou nenhuma habilidade no trato com os outros.
Dar-se bem com seus semelhantes não é uma qualidade desse indivíduo. Para ele, seus projetos são mais importantes que seus próximos. Eles conseguem que seus projetos se realizem, ao custo de destruir seus relacionamentos. Na Bíblia, encontramos um exemplo clássico de alguém impelido. Saul, rei de Israel. A própria
introdução de Saul no cenário bíblico já devia ser uma indicação de que ele possuía algumas falhas que poderiam levá-lo a perder o autocontrole, o que acabou acontecendo. Vejamos:
"Ora, havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel, filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, filho dum benjamita; era varão forte e valoroso. Tinha este um filho, chamado Saul, jovem e tão belo que entre os filhos de Israel não havia outro homem mais belo de que ele; desde os ombros
para cima sebressaía em altura a todo o povo". 1Sm 9.1,2
Vemos aqui 3 benefícios que Saul possuía, recebidos ao nascer, que poderiam redundar em vantagem ou desvantagem para ele. Ele mesmo teria que decidir como iria utilizá-los, dependendo do que se passasse em seu mundo interior. São eles: riqueza, boa aparência e porte físico destacado.
Três atributos que fazem parte do mundo exterior das pessoas, que chamavam a atenção dos outros para si. Estes atributos o revestiam de certo carisma, que contribuiu para que atingisse o sucesso rapidamente. Em suma, ele teve uma largada rápida.
Quando se tornou rei de Israel, obteve logo muito sucesso. Ao que parece, isso impediu que enxergasse suas limitações. Ele não deu muita atenção ao fato de que precisava dos outros, do relacionamento com Deus, nem de encarar suas responsabilidades como rei. Saul se tornou um homem atarefado. Via espaços vazios que achava que deveria ocupar. Então, na ocasião em que estava para sair à guerra com os filisteus e esperava Samuel em Gilgal, na sua impaciência e irritação ele mesmo ofereceu o holocausto, o que ocasionou o declive definitivo em sua vida.
A Bíblia relata diversas demonstrações da sua explosiva cólera, o que o levava a cometer abusos e a uma imobilizante autopiedade. Ao final de sua vida, ele era um homem totalmente desorientado. Saul nunca havia colocado em ordem seu mundo interior.
Há esperança para os impelidos?
Isso é o que veremos no próximo post...
* Adaptado do livro "Ponha ordem no seu mundo interior", de Gordon MacDonald.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
A cruz que antecede a luz
Uma pequeno texto do meu amigo Eric, que reproduzo aqui.
Shalom!
"...O Cordeiro que foi morto, antes da fundação do mundo..."
A cruz teve sua representação histórica há 2000 anos atrás, quando Jesus foi de fato morto e ressuscitou ao 3º dia. Mas é muito interessante saber que na verdade, isso aconteceu antes da fundação do mundo.
Deus é Atemporal, não está restrito ao espaço-tempo, portanto pra Ele, as coisas não acontecem de forma linear como são pra Nós.
Antes de da criação e da queda, já havia o Perdão provisionado. Deus não foi pego de surpresa. Na verdade, Adão é que foi. Quando pensou que tudo estava acabado, descobriu que a história só estava começando...
Antes de haver LUZ houve CRUZ.
"... e porei inimizade entre a sua descendência e o seu descendente..."
Eric Jóia
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Empreendedorismo - uma análise da vida de Abraão
Quando analisamos uma trajetória pessoal, profissional, qual a diferença entre aqueles que vencem e os que ficam pelo caminho?
No Brasil, atualmente, 27% das empresas fecham no primeiro ano de funcionamento, segundo dados do SEBRAE. Aqui podemos ponderar o fato de tantos projetos não saírem da gaveta, ou ainda os que páram na metade do caminho. Qual o motivo de tanta desistência ? Será esta a questão? As metas propostas pela atual cultura estão além de nosso alcance?
Será que sabemos lidar com os fracassos presentes na caminhada?
O que precisamos saber para terminar o que começamos?
Quando falamos de empreender algo, não queremos tratar apenas de negócios. De algum modo, todos nós temos sonhos e projetos que queremos ver concretizados em nossas vidas, não necessariamente profissional. Por exemplo, uma nova faculdade, um novo idioma, uma nova abordagem em nossos relacionamentos – familiares ou não.
E é aqui que surge o desafio: terminar o que começamos.
Vamos pensar um pouco nas promessas feitas na virada do ano. Um novo emprego, uma nova postura diante da vida, um novo regime, entre outras coisas – e quantas das propostas feitas por você mesmo se tornaram reais?
Quantas ainda estão na gaveta desde 02 de janeiro, quando prometemos tantas coisas a nós mesmos?
Este é o desafio. Terminar e perseverar em nossa trajetória de vida, não nos conformando com a frustração de planos que nunca se realizaram.
Mas o que é ser um empreendedor? Segundo Peter Drucker, o empreendedor é "aquele que aproveitam as oportunidades para criar as mudanças". Ou seja, alguém que consegue discernir nas circunstâncias que o cercam novos caminhos, novos horizontes de possibilidades. Afinal de contas, não podemos esperar novos resultados, novas situações se não promovemos isso! Muitas vezes caímos no erro de ficar à mercê de outros, e o conformismo vai tomando conta da mente e do coração. O resultado? O tempo passa, e a poeira vai se acumulando sobre os projetos e sonhos que temos.
Como mudar este quadro?
Qual o "ponto de virada", a partir do qual podemos experimentar de uma forma concreta uma mudança de vida?
Acompanhe comigo alguns aspectos da vida de Abraão. Vejamos o início de tudo, no capítulo 12 de Gênesis:
"E disse o Senhor a Abrão: sai da tua terra, e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei" Gn 12.1
A primeira coisa que nos chama a atenção na vida de Abraão é que tudo começa a partir de uma palavra - e disse Deus a ele...
Como mudar este quadro?
Qual o "ponto de virada", a partir do qual podemos experimentar de uma forma concreta uma mudança de vida?
Acompanhe comigo alguns aspectos da vida de Abraão. Vejamos o início de tudo, no capítulo 12 de Gênesis:
"E disse o Senhor a Abrão: sai da tua terra, e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei" Gn 12.1
A primeira coisa que nos chama a atenção na vida de Abraão é que tudo começa a partir de uma palavra - e disse Deus a ele...
Podemos iniciar de muitas maneiras diferentes. Pode ser uma situação de desconforto que vivemos, um sonho que queima em nosso coração, a busca de uma nova perspectiva de vida. Todas são válidas – o diferencial aqui é como começamos. Qual o parâmetro que utilizamos para nortear nossas ações? Nossa opinião, idéias de outras pessoas? Abraão aqui valeu-se da Palavra de Deus – ou seja, esta nova fase que se iniciava seria fundamentada na revelação que ele tinha da vontade de Deus para ele.
E como podemos buscar estar mesma orientação? – Pense comigo: como conhecemos alguém? Como podemos desenvolver um relacionamento, uma amizade, senão pelo diálogo?
E o que entendemos por diálogo? Nada mais que a troca de palavras/informação entre duas ou mais pessoas... assim, se queremos conhecer alguém, não há outro modo senão pelo conhecimento de suas Palavras. Como cristãos, o meio pelo qual conhecemos nosso Criador se dá através de Sua Palavra. Se acreditamos em Deus, mas desconhecemos Sua Palavra – o que Ele aprecia, o que O desagrada, e desta forma desenvolvemos um relacionamento saido com Ele.
O segundo ponto que nos chama a atenção foram as situações que Abraão deveria deixar para trás, a fim de poder viver uma nova vida:
Vejamos o texto:
“E o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei”. Gn 12.1
Vejam os 3 níveis de relações que Abraão teria que dispor para o novo empreendimento em sua vida:
- Sair de sua terra – fala do ambiente em que ele vivia, seu cotidiano. Esta é a primeira barreira que enfrentamos quando queremos o novo em nossas vidas. O obstáculo aqui é que toda mudança gera um desconforto. Por isso, não gostamos de mudanças. Descobrimos ali muitas coisas velhas, guardadas há tempo de nem sempre apreciamos o que vimos.
- Sair da parentela – deixar para trás velhos círculos de amizade e convivência – ainda que não sejam necessariamente destrutivos. Este é o segundo nível, onde abdicamos da segurança do convívio daqueles que conhecemos.
- Sair da casa do pai – o mais difícil, pois fala de deixar o que por anos nos deu segurança para. Aqui deixamos os laços familiares que nos prendem...não é à toa que Deus ordena que o homem deixe pai e mãe para constituir uma nova família.
Observe que a ordem parte do nível MACRO para o MICRO, ou o mais interior. É um processo que não pode ser ignorado se queremos realmente viver em novidade de vida.
Interessante observar uma feita por Jeffrey Keller, presidente da Attitude is Everything : "É impossível criar novos hábitos se continuar preservando o ambiente que estimula os velhos hábitos dos quais você quer se livrar".
Por isso, Deus muda Abraão de lugar, quebrando todo vínculo com coisas que poderiam de alguma forma impedir sua caminhada em direção à uma nova vida. O que nos chama a atenção aqui é que Deus iria mostrar no caminho o propósito de tudo. Ele saiu sem saber para onde ia!
Este é o desafio de todo cristão: buscar a partir de uma Palavra de Deus a mudança, tão necessária a todos nós. Sair da posição de derrota, desânimo e buscar forças em Deus para superar os obstáculos que aparecem diante de nós, todos os dias.
Acima de tudo, deixar todo embaraço que para trás fica, caminhando em frente com a confiança de que Aquele que começou a boa obra em nós há de terminá-la!
Isso é um empreendedorismo cristão, com efeitos em toda a nossa existência.
Estamos mesmos dispostos a viver o novo?
Naquele que nos dá a vida,
Daniel
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
O código da aliança
Shalom!
Repasso a vocês um interessantíssimo texto de um amigo, Igor Miguel.
Boa leitura!
Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. (Cl 1:13-14)
Repasso a vocês um interessantíssimo texto de um amigo, Igor Miguel.
Boa leitura!
Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. (Cl 1:13-14)
Os eleitos, uma vez salvos pela graça e adotados, são inseridos, ou melhor, transportados do império das trevas para o Reino do Filho de Deus (Jesus). Este "transporte" tem implicações muito sérias, pois significa uma mudança de "realidade". Neste versículo, Paulo faz uso de uma linguagem de libertação, que remete a páscoa israelita [hb. pêssach - פסח], quando o povo israelita foi liberto do Egito e engajados em uma jornada para a liberdade (Êxodo).
De fato, o próprio termo hebraico para "páscoa" quer dizer "passagem", uma transição do estado de cativeiro e prisão, para o estado de liberdade. Neste sentido, Israel torna-se o povo de YHVH e este "tornar-se povo", implica um tipo adoção nacional ou uma relação de suserania e vassalagem.
Nos povos da antiguidade, quando um reino mais fraco era dominado por um reino mais forte, os cidadãos que se rendiam do reino dominado, eram absorvidos pelo reino suserano, tornando-se assim seus vassalos. Um "rei" ou "senhor" exigia, como um tipo de rito de absorção nacional, que os vassalos se comprometessem com o novo reino por meio de uma confissão pública dos decretos reais, firmando assim uma aliança com aquele rei, podendo estes decretos serem denominados de código da aliança.
Em uma lógica semelhante, Deus ao libertar o povo de Israel do Egito, os inseriu em seu reino, transformando-os em povo da aliança ou gente peculiar, ao menos esta é a linguagem que encontramos em Êxodo quando é dito:
Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. (Ex 19:5-6)
Interessante que este quadro teológico de nova nacionalidade e adoção nacional é também usado pelo apóstolo João ao se referir à Igreja (Ap 1:6; 5:10) e pelo apóstolo Pedro quando escreveu em sua primeira carta:
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. (I Pe 2:9-10).
As palavra de Pedro remetem ao êxodo, uma linguagem do imaginário judaico da relação exílio-libertação. A teologia petrina é que a Igreja é composta por um "povo" que se tornou "povo de Deus". Esta mudança de estado é afirmada com o uso de algumas expressões e conceitos chaves como: o movimento "trevas-luz", o "chamado" (ideia de eleição), o adjetivo propriedade exclusiva, e outras termos que evocam este novo estado. Neste ponto, é importante destacar a noção de Senhorio de Cristo.
Não são poucas vezes que o Novo Testamento se refere a Jesus como Senhor (gr. kyriós). Isto se deve ao fato, de que há uma relação de soberania entre Cristo e seus súditos. Ele é o senhor "suserano", o rei, com quem os cativos-libertos firmam um pacto de liberdade. Por isso, os "chamados" são inseridos no novo reino, onde desfrutarão de todos os benefícios deste pacto. Na lógica bíblica não existem despatriados, ou se pertence a um reino tirano de escravidão ou a um reino de liberdade e justiça.
No Reino de Deus, não há "autonomia" no sentido moderno, no sentido de uma "lei para si mesmo". Esta proposta, remete a queda do homem no Éden. Por isso a "liberdade moderna" é uma falsa liberdade. A proposta bíblica é que em lugar da "autonomia" baseada no ego humano afetado pela queda, a verdadeira liberdade, que remete à criação, está em se submeter a lei de Deus. Algo que a teologia cristã-reformada chamaria de teonomia.
A teonomia é admissão de que no Reino de Deus a verdadeira liberdade opera-se pela internalização da lei de Deus pelo Espírito. Se baseia no cumprimento da profecia de Jeremias sobre a Nova Aliança , em que um dia a lei do Senhor seria escrita na mente e nos corações (Jr 31:31 e seg.). O Novo Pacto é uma nova relação senhorio-súdito, pois, no pacto anterior, havia uma submissão mecânica ao código da aliança, neste pacto renovado, a lei é inscrita, integrada ao interior humano. Por isso o profeta Ezequiel viu dias em que um coração regenerado seria dado ao homem e que o próprio Deus operaria (monergisticamente) a obediência da lei a partir dos corações dos homens (Ez e36:26-27). Esta é a liberdade do Espírito!
Enfim, a vocação é entender que vivendo nesta realidade do Espírito, no Reino de Deus (no Civitas Dei - adotando Agostinho), Jesus Cristo tornou-se Senhor, soberano sobre o Povo de Deus. O Povo de Deus vive uma realidade completamente nova e uma liberdade que é operada por Deus, quando Ele inscreve nos corações dos santos seus preceitos, concedendo-lhes nova identidade e novo sentido existencial. Isto é algo que atinge as relações concretas desta existência, a rotina, que envolve o comer, beber, casar, trabalhar, pesquisar etc. Agora, os resgatados vivem sob uma aliança, sob a linguagem e o estilo de vida de um novo reino, o Reino de Deus.
Soli Deo Gloria.
Kol HaKavod LaShem
De fato, o próprio termo hebraico para "páscoa" quer dizer "passagem", uma transição do estado de cativeiro e prisão, para o estado de liberdade. Neste sentido, Israel torna-se o povo de YHVH e este "tornar-se povo", implica um tipo adoção nacional ou uma relação de suserania e vassalagem.
Nos povos da antiguidade, quando um reino mais fraco era dominado por um reino mais forte, os cidadãos que se rendiam do reino dominado, eram absorvidos pelo reino suserano, tornando-se assim seus vassalos. Um "rei" ou "senhor" exigia, como um tipo de rito de absorção nacional, que os vassalos se comprometessem com o novo reino por meio de uma confissão pública dos decretos reais, firmando assim uma aliança com aquele rei, podendo estes decretos serem denominados de código da aliança.
Em uma lógica semelhante, Deus ao libertar o povo de Israel do Egito, os inseriu em seu reino, transformando-os em povo da aliança ou gente peculiar, ao menos esta é a linguagem que encontramos em Êxodo quando é dito:
Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel. (Ex 19:5-6)
Interessante que este quadro teológico de nova nacionalidade e adoção nacional é também usado pelo apóstolo João ao se referir à Igreja (Ap 1:6; 5:10) e pelo apóstolo Pedro quando escreveu em sua primeira carta:
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. (I Pe 2:9-10).
As palavra de Pedro remetem ao êxodo, uma linguagem do imaginário judaico da relação exílio-libertação. A teologia petrina é que a Igreja é composta por um "povo" que se tornou "povo de Deus". Esta mudança de estado é afirmada com o uso de algumas expressões e conceitos chaves como: o movimento "trevas-luz", o "chamado" (ideia de eleição), o adjetivo propriedade exclusiva, e outras termos que evocam este novo estado. Neste ponto, é importante destacar a noção de Senhorio de Cristo.
Não são poucas vezes que o Novo Testamento se refere a Jesus como Senhor (gr. kyriós). Isto se deve ao fato, de que há uma relação de soberania entre Cristo e seus súditos. Ele é o senhor "suserano", o rei, com quem os cativos-libertos firmam um pacto de liberdade. Por isso, os "chamados" são inseridos no novo reino, onde desfrutarão de todos os benefícios deste pacto. Na lógica bíblica não existem despatriados, ou se pertence a um reino tirano de escravidão ou a um reino de liberdade e justiça.
No Reino de Deus, não há "autonomia" no sentido moderno, no sentido de uma "lei para si mesmo". Esta proposta, remete a queda do homem no Éden. Por isso a "liberdade moderna" é uma falsa liberdade. A proposta bíblica é que em lugar da "autonomia" baseada no ego humano afetado pela queda, a verdadeira liberdade, que remete à criação, está em se submeter a lei de Deus. Algo que a teologia cristã-reformada chamaria de teonomia.
A teonomia é admissão de que no Reino de Deus a verdadeira liberdade opera-se pela internalização da lei de Deus pelo Espírito. Se baseia no cumprimento da profecia de Jeremias sobre a Nova Aliança , em que um dia a lei do Senhor seria escrita na mente e nos corações (Jr 31:31 e seg.). O Novo Pacto é uma nova relação senhorio-súdito, pois, no pacto anterior, havia uma submissão mecânica ao código da aliança, neste pacto renovado, a lei é inscrita, integrada ao interior humano. Por isso o profeta Ezequiel viu dias em que um coração regenerado seria dado ao homem e que o próprio Deus operaria (monergisticamente) a obediência da lei a partir dos corações dos homens (Ez e36:26-27). Esta é a liberdade do Espírito!
Enfim, a vocação é entender que vivendo nesta realidade do Espírito, no Reino de Deus (no Civitas Dei - adotando Agostinho), Jesus Cristo tornou-se Senhor, soberano sobre o Povo de Deus. O Povo de Deus vive uma realidade completamente nova e uma liberdade que é operada por Deus, quando Ele inscreve nos corações dos santos seus preceitos, concedendo-lhes nova identidade e novo sentido existencial. Isto é algo que atinge as relações concretas desta existência, a rotina, que envolve o comer, beber, casar, trabalhar, pesquisar etc. Agora, os resgatados vivem sob uma aliança, sob a linguagem e o estilo de vida de um novo reino, o Reino de Deus.
Soli Deo Gloria.
Kol HaKavod LaShem
Igor Miguel
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O caminho do samaritano
"Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo." Lc 10.30-37
O que pensamos quando lemos esta parábola? Conseguimos discernir os dois caminhos apresentados por Jesus? Ou existe apenas um caminho...? Afinal de contas, que caminho é este?
Bom... vamos por partes. Os elementos da parábola são: o necessitado, o sacerdote, o levita, o samaritano...e os caminhos. Encontramos uma situação grave, com alguém que sofre um assalto no meio de sua jornada e fica à mercê das circunstâncias. Quem poderia, nesta situação, socorrê-lo? Olhando os personagens apresentados, de quem esperaríamos a ajuda?
Bom, aí é onde podemos ter uma surpresa. Encontramos frustração onde esperávamos a certeza, e a ajuda de onde menos esperamos...
Entra em cena o sacerdote. Seu papel na sociedade era de representar os homens diante de Deus e vice-versa. As pessoas tinham que ver em sua vida este reflexo, e ele mesmo deveria ter uma vida ilibada - pois representava nada menos que o Criador. Como sacerdote, certos tipos de postura eram dele exigidas - o que poderia acarretar em viver no "automático" com relação às regras da religião, ou do sistema, como passaremos a chamar. De certa forma, podemos pensar que viver de acordo com as regras já havia se tornado mais importante do que viver a vida real, ordinária.
Ou seja, um suposto representante de Deus, do doador da vida - aquele que deveria representar o amor aos homens, ignora a dificuldade de alguém, preferindo manter sua postura - afinal de contas, como sacerdote, ele deveria se manter "puro" - sem contato com impuros. Na mesma Torá que ordena isso, encontramos também o fato de que existem diferentes níveis de mitzvôt (mandamentos), sendo uns mais importantes que os outros. Tanto que Jesus ensina que entre guardar o shabbat e salvar uma vida, este último se torna mais importante. Mas para aquele sacerdote, seguir as regras do sistema já se tornara mais valioso que representar a Deus. Ele havia se tornado apenas um representante do sistema.
O segundo a passar era um levita. Alguém destacado no serviço do templo, e nos dias de hoje, um termo associado aos músicos da igreja. Teoricamente, era alguém que teria uma intimidade profunda com Deus. Seria o responsável hoje por levar o povo à adoração, trazendo-os para mais perto de Deus. Poderia alguém tão próximo de Deus ignorar a necessidade de outro? Pode, desde que o título já não reflita a sua vida pessoal. E o necessitado continua à beira do caminho...
Bom....e quem passa em seguida?
Um samaritano. Alguém que sofria um profundo desprezo pelos judeus da época, pelo fato de sua assimilação pelos Assírios e rompimento com o sistema do Templo. Eram evitados e considerados como impuros, sendo-lhes impedida a entrada no Templo. Logicamente, o que esperaríamos de alguém tão distante do sistema, tão alienado dele?
Pois é. Somos surpreendidos pela graça. De onde menos esperamos, daquele a quem nem cumprimentamos ou consideramos vem a mão estendida, o olhar de misericórdia, o socorro.
E a conclusão torna-se inevitável. O caminho da graça e o caminho do sistema nem sempre são os mesmos...
Não que eles sejam opostos! Mas quando perdemos a essência, quando os títulos se tornam mais importantes que a vida... quando o aparecer vale mais que o ser...
Quando esquecemos de servir, e esperamos ser servidos...
O sistema faz mais uma vítima, e a vida perece à beira do caminho...
Por onde temos andando?
Daniel Ben Iossef
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
O extraordinário no ordinário
"Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no espírito e disse: graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve". Lc 10.21
Simplicidade...
Cotidiano...
Espiritualidade...
Creio ser uma das conseqüências da sabedoria a vivência da espiritualidade na simplicidade da vida, no bom chimarrão, na roda de conversa com amigos sinceros, na extraordinária ação de um Deus tão grandioso em nosso cotidiano tão insignificante.
Essas coisas me surpreendem no Evangelho. E quanto mais eu estudo, mais tenho aprendido a dar valor nas coisas mais simples. Yeshua discutia os meandros da Torá com os entendidos, mas Sua ação era vista na simplicidade dos que estavam à beira do caminho. Nestes o milagre da vida se tornava real. Aquele que perder a sua vida por amor de mim a encontrará...
A graça de Deus está logo ali mesmo, não é?
Daniel
sábado, 17 de julho de 2010
sábado, 10 de julho de 2010
Visão e aprendizado
“Depois apareceu-lhe o Senhor nos carvalhais de Manre, estando ele assentado junto a porta da tenda, quando tinha aquecido o dia” Gn 18.1
O que tem poder para nos mover do lugar em que estamos? O que faria hoje você sair do lugar, da posição em que se encontra?
Todos nós precisamos de uma visão... uma visão de nós mesmos, de Deus, das pessoas que convivem conosco. Tudo passa pela visão. Compreendemos o mundo e as circunstâncias que nos rodeiam a partir da maneira como compreendemos, como interpretamos as informações que recebemos.
Vimos anteriormente que Abrão recebe um chamado de Deus, de sair de sua terra e parentela e partir rumo ao desconhecido, ao deserto. Também nós recebemos um chamado do Criador, de sair de uma vida integrada com o atual sistema maligno, e partir em uma jornada de desafios e conhecimento dEle. Hoje estamos não num deserto literal, porém encontramos um cenário bem parecido. No deserto não há conforto, provisão, caminhos definidos. Há o calor escaldante de dia, e um frio congelante à noite. Na sociedade atual, observamos os mesmos aspectos: conforto e contentamento atrelados a um conceito consumista e degradante, que exclui à marginalidade aqueles que não acompanham o seu ritmo; não há caminhos definidos para o individuo, mas uma massificação de idéias e conceitos que minam as estruturas bases da sociedade (leia-se família). Existe um ambiente de opressão, onde de todas as formas a individualidade é sacrificada em prol de uma homogeneidade maligna e perversa. Vide as recentes campanhas em prol do aborto, legalização de algumas drogas e filosofias anti-bíblicas.
No meio deste cenário, igualmente temos que todos os dias tomar decisões em nossas vidas – faço ou não faço, estudo ou não estudo, viajo ou não viajo. Muitas destas decisões estão ambientadas em situações adversas a nós. Mas o nosso Senhor sabe que precisamos de Seu auxilio, e assim como fez a Abrão, Ele nos dá uma visão de Si mesmo, de Sua natureza.
De acordo com o texto, “...o Senhor apareceu-lhe nos carvalhais de Manre...”. A conseqüência da obediência de Abrão foi que o Senhor aparece a ele, e o texto original informa que aparece para ensinar. Ensinar o quê? O caminho!
Deus quer se tornar visível para nós! Precisamos contemplá-lo em nossas vidas, e receber dEle a visão para as nossas vidas. Seu desejo é que vejamos Seus projetos para nós!
Portanto, recebemos primeiro o chamado, a ordem. E em seguida, a visão e o ensino se fazem necessários, para que alcancemos o objetivo do nosso chamado. E assim aconteceu com Abrão – ele recebe o chamado, depois a visão e o ensino.
A visão só se concretizará se aprendermos as leis que regem a criação. Se já sabemos o chamado, precisamos então da visão e do ensino. Se ainda não, este pode ser o dia de receber do Criador o seu chamado!
Lembremo-nos da ordem do Messias, logo após a Sua ressurreição:
“portanto, ide e ensinai (fazei discípulos) de todas as nações...” Mt 28.19ª
O que Jesus faz aqui? Uma ordem/chamado (ide), e o ensino. Devemos entender que o chamado está intrinsecamente envolvido com o ensino. Ambos caminham juntos e se complementam. Naturalmente, depois de recebermos a visão, é imperativo o estudo, o aprendizado. E não estamos nos referindo apenas ao conhecimento do campo teológico, acadêmico, mas de aprender a viver o aspecto mais prático do Reino: O AMOR. Nenhuma ação no Reino será legitimada se não for motivada pelo amor (1Co 13).
Sendo assim, o que todos nós devemos aprender?
Salmos 33:9 “Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu”.
O salmo nos ensina que tudo o que existe, desde rochas e minerais, até o ser humano em sua complexidade, só existem por causa da Palavra e da Ordem manifestada através dos mandamentos do Criador.
Portanto, na criação há uma ordem intrínseca colocada por Deus em tudo. Ela só existe e se mantêm devido a duas coisas: pela PALAVRA e pela ORDEM/LEI de Deus. O que os cientistas estudam? As leis de Deus! Os biólogos estudam as leis que regem a vida, os físicos pesquisam a ordem do universo, etc. A natureza nada mais é que um grande livro aberto, escrito por Deus, onde o homem pode aprofundar seu conhecimento sobre criação e seu Criador.
Por isso, precisamos aprender estas leis, pois a vida foi projetada para funcionar dentro delas. Se vivemos algo hoje que não corresponde com a realidade da Palavra, precisamos rever nossa postura e ajustá-la conforme o que aprendemos. Isto é bem claro quando analisamos o instinto que há nos animais. Dificilmente você verá, por exemplo, um gato com crise existencial e pensamentos suicidas por querer ter nascido como um cachorro, ou vice-versa. Na natureza, as leis de Deus foram introjetadas dentro do instinto natural; assim, um ser criado sabe “naturalmente” o que deve fazer para sobreviver. Um boi sabe que encontra tudo o que necessita no pasto onde vive, ao invés de suspirar sobre “como seria a vida debaixo do mar”. E nem ele se aventuraria a tentar viver no oceano, pois não foi criado para isso. Consegue perceber? A criação, como um livro aberto a nós, em seus aspectos básicos nos ensina a viver dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Criador. Só assim a vida pode acontecer e se desenvolver em sua naturalidade; fora disso, corremos o serio risco de ter a nossa existência comprometida. Portanto, fica claro agora discernir quantas esferas de nossa existência encontram-se em dificuldades por não estarem operando dentro daquilo que seria o ambiente natural delas. Precisamos urgentemente aprender estas leis!
Concluindo, vemos que existe uma profunda relação entre o chamado que há para todos nós, e a necessidade de aprender as leis da criação, e o modo como executá-las. Devemos buscar no Senhor o seu propósito para nós, na nossa família, na vida profissional, no ambiente eclesiástico. E somando a isso, praticar o amor, respaldado pela Palavra de Deus que nos ensina a respeito de tudo aquilo que necessitamos para viver bem. Não uma vida utópica isenta de adversidades, mas de paz e confiança em meio às tempestades.
sábado, 26 de junho de 2010
Uma só carne parte 1
“Portanto deixará [soltará] o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á [apegar-se, grudar-se, ficar junto de – junta, solda] à sua mulher, e serão uma só carne” Gn 2.24
Qual o maior inimigo de um casamento?
Como você responderia a esta pergunta? – fomentar as respostas diversas: dinheiro, falta de tempo, filhos, vida profissional, vida social, ativismo diverso (igreja, clubes, esportes, etc).
Qual o principal agente de destruição de lares hoje?
Traição, violência domestica, dificuldades financeiras, dificuldades de comunicação, falta de diálogo, desequilíbrio da divisão de tarefas, entre outros.
Mas haverá uma causa comum a tudo isso?
Há uma origem comum a tudo isso?
Há um texto interessante que diz:
“o meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento” Os 4.6
Não por nenhum dos problemas acima listados, ainda que reais e presentes, mas pelo desconhecimento. Mas que conhecimento é este, o qual ignorado atrai a destruição?
Para compreendermos a profundidade disso, e sua aplicação para nós, é necessário compreender o plano original de Deus para o homem.
Muitas das respostas que tanto necessitamos podem ser encontradas ao estudar o início de tudo, ou o estado do homem antes da queda.
Qual era então o plano original de Deus para o casamento?
Vejamos o relato bíblico:
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra”. Gn 1.26
Nosso Deus é um ser relacional. Desde a criação de todas as coisas, Deus sempre quis estabelecer um elo de amor com a criação, através do relacionamento, tendência esta presente também no homem, desde que ele foi feito alma vivente.
Mas observe as bases pelo qual o relacionamento com o próximo deveria estar: o AMOR. É dado ao homem o domínio sobre todas as coisas, menos sobre seu semelhante. Portanto, o relacionamento deve estar pautado no AMOR, e não no controle e na manipulação. Os que ignoram este princípio procuram usar de subterfúgio na obtenção daquilo que querem - seja manipular a esposa para trocar o carro, seja a esposa usar o sexo como arma para conseguir o que deseja de seu marido.
Desde o principio, a vida humana seria fundamentada na relação: primeiro com Deus, depois com a criação...e num terceiro momento, com mais alguém...
Vejamos o relato bíblico:
“E disse o Eterno Deus: “Não é bom que o homem esteja só [por si mesmo]; far-lhe-ei uma ajudadora [apoio] frente a ele”.” Gn 2.18
Entretanto, num primeiro momento o homem viu-se só e, na ocasião onde ele dá nomes aos animais, sua condição até então solitária é reconhecida. Enquanto ser humano, mesmo desempenhando a função dada por Deus e tendo comunhão com Ele, uma parte de si mostrava que ele estava incompleto: não havia alguém de sua natureza no qual a relação e comunhão pudesse ser partilhada.
Vale ressaltar aqui a visão de Deus a respeito do homem: que não é bom que o homem esteja só. E o que seria estar só na perspectiva de Deus?
Estar só, ou por si mesmo, significa viver uma condição de andar segundo seus próprios desígnios, pensamentos ou caminhos. É externar uma vida baseada no eu, não tendo em vista a condição do outro.
E isto tem uma profunda implicação no diálogo presente no casamento. Ou nos relacionamos com EU-ISSO, ou com EU-TU.No diálogo EU-ISSO, a satisfação está centrada no EU, enquanto EU-TU o foco está no próximo, ou em nosso caso, no cônjuge. Ou casamos para sermos felizes, ou para fazer nossos cônjuges felizes. Há uma grande diferença nesses dois conceitos, com uma vivência bastante diferente. Se eu me casei para minha felicidade, o foco está em mim, ao passo que procurar satisfazer meu cônjuge propicia uma troca de vida intensa, onde ambos partilham da vida em comum.
Portanto, na concepção do Criador, é bom para o homem que haja alguém ao seu lado, compartilhando sentimentos, percepções e projetos. E quem seria essa pessoa a se unir com o homem em seu caminho de vida?
A resposta: Uma ajudadora.
E é importante ressaltar a posição que Deus coloca esta ajudadora: frente ao homem. Qual o motivo?
Estar frente ao homem, é ser o foco do seu marido, seu primeiro foco de atenção. É importante ressaltar que o homem, por sua natureza, é atraído pelo que vê. Portanto, nada mais natural que Deus coloque a mulher exatamente nessa posição, em frente aos olhos. E isso não se refere apenas a uma posição física, mas sim a um posicionamento com um profundo aspecto prático. A mulher deve ser a primeira coisa que o homem deve olhar, antes de dar o primeiro passo. Isso significa que, antes de realizar qualquer projeto, de adquirir qualquer coisa, o homem tem que primariamente ver se o projeto envolve sua esposa, se ela está inserida no contexto do plano marital. Perguntas como essas devem ser então respondidas: “será mesmo que é hora de trocar o carro? Será hora de investir naquele negócio? Será essa a hora de comprar ou vender?”. Uma postura como essa, com certeza, evitará uma série de problemas! E mais ainda, auxiliará - e muito - no projeto que Deus tem para cada casal.
Retornando ao texto, vemos que o primeiro homem entendeu perfeitamente esse conceito quando, ao dar nomes aos animais criados, sente a falta da ajudadora... frente a ele! Observe:
“E chamou o homem os nomes a todo quadrúpede e a toda ave dos céus e a todo animal do campo e para o homem não achou uma ajudadora frente a ele.” Gn 2.20 (grifo nosso)
Até aqui, aprendemos a posição original em que deve estar a mulher na relação que é o casamento. Vimos também que a relação deve ser baseada no amor e no diálogo. Mas ainda podemos aprofundar um pouco mais sobre a relação dentro do casamento entre marido-mulher:
Diz o texto:
“Portanto deixará [soltará] o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á [apegar-se, grudar-se, ficar junto de – junta, solda] à sua mulher, e serão uma só carne” Gn 2.24
A palavra carne em hebraico é bassar, que traz a conotação de corpo e alma (pensamentos, emoções, desejos), não apenas do corpo físico. Portanto, Deus estabelece uma união de pensamentos, atitudes e interesses que vai muito além da intimidade sexual. O casamento idealizado por Deus envolve uma parceria, uma “sociedade”, onde ambos, homem e mulher, focam o mesmo objetivo e trabalham com o mesmo alvo, construindo uma “sociedade” com fundamentos sólidos – alicerçados na Palavra de Deus. As atitudes se confundem e se fundem em uma única entidade espiritual – A FAMÍLIA.
Mas o que é ser UM SÓ? A mesma palavra é usada em dois textos bastante significativos para a nossa fé:
“Ouve, ó Israel, o Senhor é nosso Deus, o Senhor é UM” Dt 6.4
שְׁמַע יִשְׂרָאֵל יְהוָה אֱלֹהֵינוּ יְהוָה אֶחָד
“eu e o Pai somo UM” Jo 10.30
אני ואבי אחד אנחנוּ
Esta palavra Echad (אֶחָד )faz menção a uma união poderosa, trazendo o conceito de diversidade dentro da unidade.
Ou seja, este um que agora se tornou o homem e a mulher, unidos pelo casamento, tem uma profunda implicação que difere e muito do que é comumente visto e crido pela sociedade em geral.
Esta UM do casamento pressupõe duas diferentes personalidades, sentimentos e vontades, mas num ambiente de profunda unidade.
Mais ainda: podemos ver na relação de Jesus com o Pai o tipo de relação ideal a ser vivida no casamento.
Mas isso é um assunto para o próximo post....
Daniel Ben Iossef
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